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A Origem do Nome 'Jambock' no 1º Grupo de Aviação de Caça



Durante a Segunda Guerra Mundial, o 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GAvCa) da Força Aérea Brasileira (FAB) foi integrado ao 350th Fighter Group da 12th Air Force dos Estados Unidos, operando sob o comando aliado na Campanha da Itália. Dentro dessa estrutura, cada unidade recebeu um código de chamada (call sign) para comunicações táticas e coordenação operacional.


Insignia do 350th Fighter Group - 			Arte: Rudnei Cunha
Insignia do 350th Fighter Group - Arte: Rudnei Cunha

Os designativos utilizados pelo 350th Fighter Group eram os seguintes:


  • 1º Grupo de Aviação de Caça → Jambock

  • 345th Fighter Squadron → Lifetime

  • 346th Fighter Squadron → Minefield

  • 347th Fighter Squadron → Midwood

  • Torre de Controle de Pisa → Black Ball Tower

  • Controle Radar sobre os Apeninos → Hubbard

  • Destacamentos Aerotáticos → Rover Joe e Rover Pete


O código "Jambock" foi atribuído ao 1º GAvCa pelos norte-americanos, que informaram aos aviadores brasileiros que o termo significava "chicote". Contudo, o nome não constava nos principais dicionários da língua inglesa. Somente em 1969, os veteranos brasileiros descobriram que "Jambock" era uma adaptação fonética do termo africâner "sjambok", um chicote pesado tradicionalmente confeccionado em couro de rinoceronte. A grafia americanizada resultou da omissão do "S" inicial e da adição de um "C" antes do "K".


Segundo o The American Heritage Dictionary (3ª Ed., 1994), a definição de "sjambok" é a seguinte:


sjam·bok (Sul Africano)

s. Chicote pesado, normalmente feito de pele animal.

v.t. Bater com um sjambok.

[Afrikaans, do Malaio cambuk (chicote), do Hindi cãbuk, do Persa chãbuk.]


O termo tem origens no arquipélago indonésio, onde "sambok" designava uma vara de madeira usada para punir escravos. Com a disseminação do comércio de escravos para a Malásia e, posteriormente, para a África do Sul, o material do objeto foi substituído por couro de animais, tornando-se uma ferramenta amplamente empregada na região. O nome "sjambok" foi adotado na língua africâner e posteriormente pelos ingleses, espalhando-se pelo continente africano sob diversas denominações locais, como "imvubu" (Zulu), "kiboko" (Swahili) e "mnigolo" (Malinké).


Sjambok que deu origem ao nome Jambock


Além de seu uso como instrumento de coerção colonial, o sjambok foi empregado como ferramenta de controle policial e disciplinar. No Congo Belga, era conhecido como "fimbo" e servia para aplicar castigos físicos em trabalhadores forçados. Durante o regime do apartheid na África do Sul, versões modernas feitas de polímeros foram amplamente utilizadas pelas forças de segurança para dispersão de tumultos. O sjambok também tem aplicações em atividades agropecuárias, sendo utilizado para condução de gado e defesa contra animais selvagens, especialmente cobras.


Na Segunda Guerra Mundial, o nome "Jambock" ganhou um novo significado, passando a identificar os pilotos brasileiros que combateram na Itália. Como destacou o Brigadeiro Rui Barbosa Moreira Lima no livro Senta a Púa!:


"Por uma ironia dos fatos, o chicote utilizado pelos brancos contra os escravos africanos, indonésios e malaios passou a ser usado contra os 'arianos puros' de Adolf Hitler, manejados por brasileiros livres que foram à Itália defender a liberdade e a democracia."


Atualmente, o código "Jambock" segue sendo utilizado pelo 1º Esquadrão do 1º Grupo de Aviação de Caça (1º/1º GAvCa), baseado na Ala 12, na Base Aérea de Santa Cruz, Rio de Janeiro. Esse indicativo operacional mantém viva a tradição e o legado dos aviadores brasileiros que participaram da Segunda Guerra Mundial, reforçando a identidade histórica da aviação de caça nacional.


Fonte da pesquisa: Jambock.com.br

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