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Fragata D.Afonso e o resgate da Ocean Monarch - 1848




O Navio Brasileiro que ganhou fama na Europa


O Resgate dos Passageiros da barca Norte Americana “Ocean Monarch” pela Fragata da Marinha Imperial Brasileira “Dom Afonso” capitaneada por Joaquim Marques Lisboa, futuro Marquês de Tamandaré em 1848, no Porto de Liverpool, Inglaterra atraiu a atenção da imprensa e mostrou ao mundo a alma generosa dos brasileiros.

No dia 24 de agosto de 1848, o navio brasileiro zarpou do porto de Liverpool para os últimos testes de mar para então seguir viagem para o Brasil. Entre os passageiros estavam a princesa D. Francisca, irmã de D. Pedro II, e o seu marido, Francisco, Príncipe de Joinville, este filho do rei Luís Filipe I da França, que se encontravam na Europa, Henrique, Duque de Aumale, e sua esposa a princesa Maria Carolina das Duas Sicílias e o chefe-de-esquadra da Marinha brasileira John Pascoe Grenfell, quando um marinheiro soa o alarme ao avistar um navio em chamas.


Joaquim Marques Lisboa | princesa D. Francisca, irmã de D. Pedro II | Príncipe de Joinville


O acidente


Na quinta-feira, 24 de agosto de 1848, o Ocean Monarch entrou em mar aberto, deixando Liverpool para Boston, Massachusetts com quase 400 almas a bordo. A seis milhas da costa galesa, talvez a 25 milhas de Liverpool, a barca de madeira movida a vapor pegou fogo. As tentativas de controlar o incêndio falharam rapidamente e os passageiros entraram em pânico - alguns se jogaram ao mar segurando seus filhos. Incapaz de se aproximar da costa, o capitão Murdoch lançou as duas âncoras. Uma bandeira de socorro foi levantada e sinalizadores foram disparados para o ar para atrair mais ajuda. O caos reinava e, em meio ao barulho e à massa de pessoas amontoadas nos conveses, apenas dois botes salva-vidas puderam ser lançados. Qualquer coisa que pudesse servir de auxiliar de flutuação foi jogada para fora para os passageiros; O próprio capitão Murdoch foi forçado a pular no mar quando um mastro em chamas caiu em sua direção.



Vários navios vieram em socorro. O iate Queen of the Ocean lançou um pequeno barco que recolheu os sobreviventes até que o iate não pudesse mais carregar.


A D.Afonso se juntou aos esforços de resgate, junto com outras duas embarcações, o paquete New World e o navio ferroviário Prince of Wales.


Era por volta das onze horas da manhã quando a tripulação da D. Affonso iniciou o salvamento do navio norte-americano. O comandante Lisboa imediatamente ordenou o resgate dos sobreviventes, enviando botes salva-vidas para onde estava o navio ardente.



218 das 398 almas a bordo do Ocean Monarch sobreviveram - no entanto, isso deixa impressionantes 180 vidas perdidas, junto com gado destinado a ser abatido para alimentação, bagagem e mercadorias, incluindo um cavalo de balanço comprado pelo ensaísta americano Ralph Waldo Emerson.


Repercussão na Midia


Sem surpresa, o incidente atraiu muitos comentários na imprensa e preocupação no Land and Emigration Board em Londres.


Em uma carta comovente escrita para a atenção do Secretário Colonial Lord Gray (o filho de 'Grey da Lei de Reforma'), o funcionário público Charles Alexander Wood lamentou que essa 'ocorrência mais angustiante' tivesse 'atraído tanta atenção do público'. Prometendo que o oficial de emigração de Liverpool forneceria à investigação do legista sobre o desastre 'todas as informações ao seu alcance', Wood continuou que o navio era 'bastante novo e um dos melhores e mais completos navios de passageiros, tanto em dimensões quanto em acessórios, que já saiu do Porto de Liverpool'.



A perda de uma embarcação tão nova e bem equipada foi um grande choque - e provocou uma resposta generosa do povo de Liverpool, que arrecadou fundos para distribuir aos sobreviventes. Em uma época de dificuldades econômicas e turbulência política em toda a Europa (1848 é lembrado como o 'Ano da Revolução'), Wood ficou satisfeito com o fato de 'todas as classes' de pessoas terem cooperado 'muito louvavelmente' na coleta de doações. O próprio Land and Emigration Board doou a quantia considerável de £ 200 (quase £ 20.000 hoje) para a coleção.



Brasileiros ajudaram financeiramente as vitimas


Os tripulantes da fragata brasileira, apesar das imensas dificuldades, conseguiram resgatar 156 pessoas que ainda estavam na embarcação e outros 60 que haviam se jogado ao mar.


Por este ato de bravura, os marinheiros brasileiros foram agraciados pelo imperador com cem libras para serem distribuídas entre eles. Porém, dada a difícil situação em que se encontrava os sobreviventes, todo o valor foi doado aos mesmos.

O comandante Lisboa recebeu do governo britânico, como forma de agradecimento, um cronômetro de ouro com a inscrição "In commemoration of his gallant exertion on this melancholy occasion".


Fragata Dom Afonso


Chegada ao Brasil e fim precoce


A Fragata brasileira também tomou parte na repressão à revolucionários republicanos e à traficantes clandestinos de escravos. O navio compôs a esquadra que forçou com sucesso a Passagem de Tonelero, na Argentina, em 1851. Em 9 de janeiro de 1853, durante um temporal, naufragou a noroeste de Cabo Frio, perecendo três marinheiros.


Fragata D. Afonso capitaneando a esquadra imperial, Passagem de Tonelero, na Argentina, em 1851.

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