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Os Submarinos U-boats Afundados na Costa Brasileira


A guerra contra os U-boats na costa brasileira foi uma das frentes mais estratégicas e desafiadoras no Atlântico Sul durante a Segunda Guerra Mundial. Submarinos alemães, como o U-199 e o U-513, operavam na região com o objetivo de interromper o tráfego marítimo aliado, atacando navios mercantes e militares. Esses ataques colocaram em risco as rotas comerciais e a segurança das águas brasileiras, forçando o Brasil a reforçar sua patrulha costeira e integrar-se ao esforço aliado. A parceria entre as forças brasileiras e os Estados Unidos foi fundamental, culminando em operações conjuntas que neutralizaram essas ameaças.


As ações combinadas das aeronaves brasileiras e americanas, com o suporte de destróieres e patrulhas aéreas, demonstraram a eficácia dessa cooperação. Submarinos como o U-199 e o U-513 foram localizados e destruídos em ataques coordenados, simbolizando a crescente capacidade de resposta das forças aliadas. Esses episódios não apenas eliminaram perigos imediatos, mas também representaram um marco na defesa da soberania brasileira e na contribuição do país para a vitória no Atlântico Sul. A descoberta posterior dos naufrágios, hoje pontos de mergulho histórico, mantém viva a memória dessas batalhas navais que foram cruciais para a contenção do avanço alemão.



 

U-590


O submarino alemão U-590, um Tipo VIIC, foi encomendado em janeiro de 1940 e construído pelo estaleiro Blohm & Voss em Hamburgo. Lançado ao mar em agosto de 1941 e comissionado em outubro do mesmo ano sob o comando do Kapitänleutnant Heinrich Müller-Edzards, o U-590 participou de cinco patrulhas durante sua carreira. Inicialmente, serviu como unidade de treinamento da 6ª Flotilha até abril de 1942, quando passou para operações ativas. O submarino obteve alguns sucessos, incluindo o afundamento de um navio de 5.228 toneladas e danos a outro de 5.464 toneladas. Apesar disso, enfrentou desafios técnicos, como uma falha em maio de 1942 que o obrigou a retornar à base, e incidentes com a tripulação, como o caso de um marinheiro que quebrou o braço em março de 1943.


O U-590 encontrou seu destino em 9 de julho de 1943, ao ser afundado por cargas de profundidade lançadas por um avião Catalina da Marinha dos Estados Unidos, no Oceano Atlântico ao norte de Belém, Brasil. A posição registrada foi 03°22’N, 48°38’W, e todos os 45 tripulantes a bordo perderam suas vidas. Durante sua trajetória, o submarino participou de várias operações de matilhas de lobos, incluindo "Hecht", "Blücher" e "Seewolf". Esses esforços refletiam a estratégia agressiva da Kriegsmarine em sua campanha submarina, mas também os perigos constantes enfrentados pelos tripulantes dos U-boots em missões de alto risco.


Type VIIC, o modelo mais comum de U-boats
 

U-662


O submarino U-662, do tipo VIIC, foi encomendado em outubro de 1939 e construído pelo estaleiro Howaldtswerke Hamburg AG. Lançado ao mar em janeiro de 1942 e comissionado em abril do mesmo ano sob o comando de Wolfgang Hermann, o U-662 realizou quatro patrulhas durante sua carreira. Inicialmente, foi designado para treinamento na 5ª Flotilha e, a partir de outubro de 1942, passou a operar ativamente pela 7ª Flotilha. O submarino obteve sucesso ao afundar três navios, totalizando 18.609 toneladas, e danificar outro com 7.174 toneladas. Durante sua trajetória, participou de várias operações de matilhas de lobos, como "Panther" e "Jaguar", demonstrando a estratégia ofensiva da Kriegsmarine no Atlântico.



O fim do U-662 ocorreu em 21 de julho de 1943, no Atlântico, ao norte da foz do rio Amazonas. Nos dias que antecederam sua perda, o submarino foi alvo de ataques consecutivos. Inicialmente, foi atacado por um bombardeiro B-24 Liberator da USAAF enquanto caçava o comboio TF-2. Em seguida, enfrentou um ataque de uma aeronave B-18, conseguindo escapar sem danos graves. Finalmente, aeronaves Catalina do esquadrão VP-94 da Marinha dos EUA localizaram o U-662. Após uma primeira tentativa malsucedida, outro Catalina conseguiu afundá-lo com cargas de profundidade na posição 03°56’N, 48°46’W. Dos 47 tripulantes, 44 perderam a vida, mas três, incluindo o comandante Heinz-Eberhard Müller, sobreviveram após serem resgatados pelo navio Siren. Gravemente ferido, Müller foi repatriado para a Alemanha em 1944 e passou o restante da guerra atuando como oficial de ligação para os homens dos U-boats. A sequência de ataques reflete a pressão implacável das forças aliadas contra os submarinos alemães no Atlântico.


PBY-5A Catalina, a aeronave mais utilizada na costa brasileira para a caça aos submarinos.

 

U-507


Brasão do U-507

O U-507, um submarino do tipo IXC, foi encomendado em outubro de 1939 e comissionado em outubro de 1941 sob o comando do Korvettenkapitän Harro Schacht, que ostentava a Cruz de Cavaleiro. Durante sua carreira operacional, o U-507 realizou quatro patrulhas e se destacou pela eficiência em sua campanha de guerra submarina, afundando 19 navios, totalizando 77.143 toneladas, além de danificar um navio com 6.561 toneladas. Em setembro de 1942, participou das operações de resgate dos sobreviventes do RMS Laconia, em colaboração com outros submarinos alemães e italianos, salvando aproximadamente 1.500 pessoas. Esse ato humanitário foi um contraste notável em meio às intensas operações de guerra no Atlântico.


O destino do U-507 foi selado em 13 de janeiro de 1943, no Atlântico Sul, ao noroeste de Fortaleza, Brasil. Após uma série de patrulhas bem-sucedidas, o submarino foi localizado por um hidroavião Catalina da Marinha dos Estados Unidos, do esquadrão VP-83. O ataque final começou com uma detecção precisa do Catalina, que lançou cargas de profundidade sobre o submarino na posição 01°38’S, 39°52’W. As explosões foram devastadoras, resultando na destruição completa do U-507 e na morte de todos os 54 tripulantes, incluindo um prisioneiro britânico capturado durante o afundamento do navio mercante Baron Dechmont dias antes. Este incidente marcou o fim de um dos mais notórios submarinos alemães, simbolizando os crescentes desafios enfrentados pela Kriegsmarine no Atlântico durante a Segunda Guerra Mundial.


 

U-164


O U-164, um submarino alemão do tipo IXC, foi comissionado em 28 de novembro de 1941 sob o comando do Korvettenkapitän Otto Fechner. Durante sua curta carreira operacional, o U-164 realizou apenas duas patrulhas, afundando três navios aliados, totalizando 8.133 toneladas. Inicialmente, foi designado para treinamento na 4ª Flotilha, antes de ser transferido para a 10ª Flotilha, onde participou ativamente da guerra submarina. Apesar de sua limitada duração operacional, o U-164 conseguiu causar danos significativos ao tráfego marítimo aliado no Atlântico Sul, integrando também o grupo de ataque "Pirat".


Seu fim ocorreu em 6 de janeiro de 1943, ao noroeste de Fortaleza, Brasil. Localizado por um hidroavião Catalina do esquadrão VP-83 da Marinha dos Estados Unidos, o U-164 foi atacado com precisão. O Catalina identificou o submarino na superfície e lançou uma série de cargas de profundidade diretamente sobre ele, na posição 01°58’S, 39°22’W. A explosão foi devastadora, afundando rapidamente o submarino. Dos 56 tripulantes a bordo, 54 perderam a vida, mas dois homens conseguiram sobreviver e foram resgatados. Este ataque, assim como outros conduzidos pelo VP-83, destaca o papel vital da aviação de patrulha na neutralização da ameaça dos U-boats no Atlântico durante a Segunda Guerra Mundial.


Aeronaves B-24 Liberator também atuaram na caça aos submarinos no Atlântico Sul.

 

U-598


O U-598, um submarino alemão do tipo VIIC, foi comissionado em 27 de novembro de 1941 sob o comando do Korvettenkapitän Gottfried Holtorf. Durante sua carreira, o U-598 realizou quatro patrulhas, integrando os esforços da 6ª Flotilha em missões de combate a partir de julho de 1942. Nesse período, afundou dois navios aliados, somando 9.295 toneladas, e danificou outro, com 6.197 toneladas. O submarino também participou de várias operações em grupos de ataque, como "Jaguar" e "Stürmer", mostrando sua capacidade ofensiva no Atlântico Sul. No entanto, sua trajetória foi marcada por desafios, incluindo a perda de um tripulante durante reabastecimento em agosto de 1942.


O destino do U-598 foi selado em 23 de julho de 1943, nas águas ao nordeste de Natal, Brasil. Identificado por três aeronaves Liberator do esquadrão VB-107 da Marinha dos Estados Unidos, o submarino foi alvo de um ataque coordenado. Os aviões B-12, B-8 e B-6 lançaram sucessivas cargas de profundidade, atingindo o U-598 na posição 04°05’S, 33°23’W. O impacto destruiu o casco e causou o naufrágio imediato da embarcação. Dos 45 tripulantes, 43 perderam a vida, enquanto apenas dois sobreviveram e foram resgatados. Este ataque exemplifica a eficácia da aviação aliada em neutralizar a ameaça dos U-boats durante a Segunda Guerra Mundial, especialmente nas águas do Atlântico Sul.


Modelos de U-boats, nota-se as várias diferenças

 

U-591


O U-591, um submarino do tipo VIIC da Kriegsmarine, foi comissionado em 9 de outubro de 1941 sob o comando do Kapitänleutnant Hans-Jürgen Zetzsche, que recebeu a Cruz Germânica em Ouro por suas realizações. Durante sua carreira, o U-591 realizou oito patrulhas de combate, integrando diferentes flotilhas ativas, como a 6ª, 11ª e 9ª. Entre seus êxitos, o submarino afundou quatro navios aliados, totalizando 19.932 toneladas, e danificou outro de 5.701 toneladas. Ele também participou de várias operações em wolfpacks, como "Schlei" e "Seewolf". Contudo, a tripulação enfrentou desafios, incluindo ferimentos do comandante Zetzsche em um ataque aéreo em maio de 1943, o que o forçou a deixar o comando pouco antes do fim da embarcação.


O destino do U-591 foi selado em 30 de julho de 1943, no Atlântico Sul, a sudeste de Recife, Brasil. Um avião Ventura do esquadrão VB-127 da Marinha dos EUA (B-10) localizou o submarino e iniciou um ataque com cargas de profundidade. A precisão dos ataques comprometeu a estrutura do U-591, resultando em seu afundamento na posição 08°36'S, 34°34'W. Dos 47 tripulantes a bordo, 19 perderam a vida, enquanto 28 sobreviveram, sendo resgatados posteriormente. Este episódio evidencia a eficácia crescente da aviação aliada contra os U-boots na fase final da guerra no Atlântico.


Um Lockheed Ventura foi responsável pelo afundamento do U-591

 

U-128


O U-128, um submarino do tipo IXC da Kriegsmarine, teve uma carreira notável durante a Segunda Guerra Mundial, sendo responsável pelo afundamento de 12 navios aliados, totalizando 83.639 toneladas. Sob o comando do Kapitänleutnant Ulrich Heyse, que foi condecorado com a Cruz de Cavaleiro, o submarino realizou seis patrulhas de combate em áreas estratégicas, incluindo o Atlântico Norte e Sul. Em sua última missão, comandado por Oblt. Hermann Steinert, o U-128 operava nas proximidades da costa brasileira, onde enfrentou o crescente poder aéreo e naval aliado, que comprometia seriamente as operações dos U-boots.



Em 17 de maio de 1943, a cerca de 150 km ao sul de Recife, o U-128 foi localizado e atacado por dois hidroaviões PBM Mariner do esquadrão VP-74 da Marinha dos EUA (P-5 e P-6). Após ser severamente danificado por cargas de profundidade, o submarino emergiu e foi alvo de tiros dos destróieres americanos USS Moffett e USS Jouett. A tripulação abandonou o navio antes que ele afundasse na posição 10°00'S, 35°35'W. Sete tripulantes perderam a vida, enquanto 47 foram resgatados pelos navios americanos e feitos prisioneiros. Este episódio marcou o fim de uma das embarcações mais bem-sucedidas de sua classe, destacando o impacto das táticas conjuntas entre aviação e marinha aliadas no combate aos U-boots.


 

U-161


O U-161, um submarino do tipo IXC da Kriegsmarine, destacou-se como uma das embarcações mais bem-sucedidas de sua classe durante a Segunda Guerra Mundial. Sob o comando do Kapitänleutnant Albrecht Achilles, condecorado com a Cruz de Cavaleiro, o submarino realizou seis patrulhas de combate, afundando 12 navios mercantes e um navio de guerra, além de danificar cinco embarcações e causar a perda total de outra. Atuando principalmente no Atlântico Sul e no Caribe, o U-161 tornou-se uma ameaça significativa ao tráfego marítimo aliado, até que encontrou seu destino fatal nas águas ao largo do Brasil.


Em 27 de setembro de 1943, enquanto operava a leste de Salvador, o U-161 foi localizado por um hidroavião PBM Mariner do esquadrão VP-74 da Marinha dos Estados Unidos. O ataque implacável com cargas de profundidade atingiu o submarino, que foi destruído e afundou na posição 12°30'S, 35°35'W. Todos os 53 tripulantes a bordo pereceram, marcando o trágico fim de uma embarcação que havia sido um dos pilares da ofensiva submarina alemã.


Uma aeronave PBM Mariner foi responsável pelo afundamento do U-161

 

U-199


Brasão do U-199

O U-199, um submarino de última geração da classe IXD2, foi lançado em 1942 e comandado pelo Kapitänleutnant Hans-Werner Kraus. Durante sua breve carreira, o submarino afundou dois navios e causou danos a outros, destacando-se por sua capacidade de combate. Em 31 de julho de 1943, enquanto se preparava para atacar o comboio JT3, o U-199 foi localizado a leste do Rio de Janeiro, na posição 23°54'S, 42°54'W, por um hidroavião Mariner do esquadrão VP-74 da Marinha dos EUA, com o apoio de aeronaves brasileiras do tipo Catalina e Hudson.



Os ataques das forças aliadas, coordenados com precisão, começaram com o lançamento de cargas de profundidade. A primeira ação foi realizada pelo hidroavião Mariner, que, apesar de causar danos, não foi suficiente para afundar o submarino. Em seguida, o Lockheed Hudson e o Catalina PBY5 da Força Aérea Brasileira realizaram novos ataques, com bombas que atingiram o alvo de forma fatal. Em uma manobra brilhante, o piloto do Catalina, 2º Tenente Alberto M. Torres, garantiu o impacto final, afundando o U-199 de forma decisiva.



Dos 61 tripulantes a bordo do U-199, 49 perderam a vida, enquanto 12 sobreviveram e foram resgatados por um destróier americano. Esses sobreviventes foram levados inicialmente para o Brasil e, posteriormente, para campos de prisioneiros nos Estados Unidos. O afundamento do U-199, resultado de uma ação coordenada entre as forças dos EUA e do Brasil, representou um marco na guerra no Atlântico Sul, destacando a crescente eficácia da cooperação aliada na neutralização da ameaça submarina germânica.


O Catalina "Arará" da Força Aérea Brasileira, pilotado pelo Ten. Av. Torres, foi o responsável pelo afundamento do U-199

 

U-513


Brasão do U-513

O U-513 foi um submarino da classe IXC, comissionado em 10 de janeiro de 1942, sob o comando do Kapitän zur See Rolf Rüggeberg. Durante sua carreira, o submarino participou de várias patrulhas no Atlântico, afundando seis navios e danificando outros dois, com um total de 29.940 GRT de navios afundados. Em 19 de julho de 1943, o U-513 estava operando no Atlântico Sul, ao sudeste de São Francisco do Sul, Brasil, quando foi localizado e atacado por um avião Mariner do esquadrão VP-74 da Marinha dos EUA. O submarino foi afundado por bombas de profundidade lançadas pelo avião, resultando na morte de 46 tripulantes e na sobrevivência de apenas 7.


O afundamento do U-513 marcou um dos muitos sucessos das forças aliadas na luta contra os submarinos alemães no Atlântico Sul. O submarino havia sido envolvido em várias operações de Wolfpack, incluindo as operações "Unverzagt" e "Seeräuber". Após o ataque fatal, o U-513 afundou a uma profundidade de 75 metros, e sua localização foi descoberta em 2011 pela família Schurmann. O local do naufrágio, hoje um ponto de mergulho, está situado nas coordenadas 27°17'S, 47°32'W, perto da costa brasileira.


Foto do U-513

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