Piloto Novato, Habilidades de Veterano: A Incrível História do Tenente Raymundo da Costa Canário
- Fernando Lino Junior
- 24 de fev.
- 2 min de leitura

Em 27 de janeiro de 1945, um jovem tenente brasileiro, com apenas 20 anos, embarcou em uma missão aparentemente impossível, mas que se tornaria um marco na história da aviação de guerra. Raymundo da Costa Canário decolou da base no norte da Itália para integrar-se às Forças Aéreas Aliadas do Mediterrâneo (MAAF), com o objetivo de atacar e destruir os imponentes tanques Tiger I, temidos por sua tecnologia avançada. A bordo de um P-47 Thunderbolt, ele enfrentaria não apenas o inimigo, mas também condições climáticas adversas e erros que quase custaram sua vida.
A Primeira Investida
O tenente Raymundo, em sua primeira missão de combate, não se intimidou com a visibilidade precária e os desafios da batalha aérea. Ao realizar sua primeira investida contra os tanques alemães, o P-47 foi atingido por fogo terrestre. Apesar dos danos, Canário continuou sua missão, destruindo dois tanques. Confiante de que o avião ainda estava em condições de voo, ele seguiu com mais um ataque, que resultou na destruição de outro tanque.
A Perda da Asa e a Sobrevivência Milagrosa
A sorte, no entanto, estava prestes a testar a habilidade do jovem aviador. Durante uma terceira investida, Raymundo cometeu um erro fatalmente próximo de uma fábrica, atingindo uma das chaminés com sua asa direita. O impacto cortou quase dois metros da asa do P-47, mas, para surpresa de todos, a aeronave permaneceu no ar. A fuselagem estava danificada, mas o tenente, com destreza e coragem, manteve a calma e decidiu subir para ganhar altitude e se proteger atrás dos Spitfires aliados.

A Ameaça Amiga
A situação se complicou ainda mais quando Canário percebeu que o rádio do P-47 estava fora de funcionamento. Sem a possibilidade de se comunicar, ele voava sem ser reconhecido pelos Spitfires, que, ao verem o avião com uma configuração estranha devido à perda da asa, começaram a atirar nele. Somente depois de vários disparos, os aliados perceberam o erro, mas o P-47 estava com a cauda severamente danificada.
Mesmo assim, com grande habilidade e um pouco de teimosia brasileira, o tenente Raymundo conseguiu retornar à base e pousar o avião em segurança. O P-47, famoso por sua resistência e robustez, havia mostrado sua verdadeira força, mas foi a coragem e a experiência de Raymundo que garantiram a sobrevivência tanto do piloto quanto da aeronave.

Uma História de Perseverança e Sucesso
Ao contrário do destino previsto, o P-47 foi reparado e voltou a voar, completando mais 50 missões. Raymundo da Costa Canário seguiu com sua trajetória impressionante, realizando um total de 51 missões de combate durante a Segunda Guerra Mundial. Em sua 14ª missão, foi abatido pela antiaérea inimiga, mas sobreviveu ao salto de paraquedas e foi resgatado por uma patrulha de pracinhas brasileiros. Em apenas dois dias, estava de volta ao cockpit, pronto para continuar a luta.
Raymundo da Costa Canário acumulou mais de 30 mil horas de voo durante sua carreira, sempre com a mesma coragem e dedicação. Somente aos 60 anos de idade, ele deixou a aviação, deixando um legado de bravura, habilidade e perseverança, lembrando-nos de que, muitas vezes, a juventude não é um obstáculo, mas uma força propulsora de feitos extraordinários. Fonte das Fotos: Museu da Vitória - Brig Nero Moura Fonte do Vídeo: YarnHub
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